Em meio à pandemia e à necessidade de isolamento social, os professores se depararam com uma nova realidade de educação a distância. Para ajudá-los neste momento delicado, o Prêmio Respostas para o Amanhã realizou um webinar sobre o uso do celular como recurso nos processos de ensino-aprendizagem. Transmitido no YouTube do Prêmio no dia 5/6, o evento contou com a participação do professor Richard Romancini, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, e Renato Citrini, Gerente Sênior de Produto de Dispositivos Móveis da Samsung. A mediação foi realizada por Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung. O webinar foi o primeiro de uma série sobre tecnologia e educação – o próximo acontecerá dia 26/6, também no YouTube do Prêmio.
No encontro, que contou com a participação ao vivo de quase 400 pessoas, entre professores de diversas regiões do país, o professor Romancini falou sobre como o docente pode planejar suas aulas de acordo com essa nova realidade: entendendo o contexto tecnológico de seus alunos e buscando apoio e troca de experiências com seus pares e a coordenação da escola. Já Citrini contribuiu com informações técnicas, como gravação e envio das aulas para os alunos.
Ao final desta reportagem, confira as respostas dos palestrantes a perguntas dos internautas que não puderam ser respondidas ao vivo por falta de tempo hábil.
Diagnóstico e planejamento
“Podemos ter trocas significativas com o apoio dos aparelhos celulares e computadores, mas é preciso que os educadores planejem estratégias diferentes das do ensino presencial”, diz o professor Richard Romancini, que leciona Educomunicação na ECA-USP. Ele explica que o primeiro passo deve ser a realização de um diagnóstico sobre as possibilidades tecnológicas de seus alunos: eles têm acesso à internet? Esse acesso acontece via celular e/ou computador? A maioria usa wifi ou apenas dados móveis?
“A partir da resposta a essas questões, o professor poderá pensar em práticas e estratégias que sejam significativas para sua aula a distância. Sabendo o que é viável no contexto de seus alunos e o que precisa ser adaptado. Uma aula de 45 minutos on-line é muito cansativa no ensino remoto, por exemplo, talvez seja o caso de pensar numa aula híbrida, com tempo de exposição, mas também de leitura e atividades”, aponta.
Richard ainda ressalta que este deve ser também um momento de autorreflexão do docente, em que ele precisa avaliar o quanto é capaz de realizar seu trabalho pelo celular e o que precisa aprender, quanto tempo precisa para planejar o trabalho, entre outras questões. Richard também fala da importância de oferecer acolhimento aos estudantes nesse momento, sendo compreensivo com as dificuldades pelas quais estão passando.
Isabel Costa (foto ao lado) cita um levantamento do Instituto Península, que aponta que 8 em cada 10 professores (83%) não se sentem aptos a ensinar nesse contexto de pandemia. Como mudar esse cenário? “Os professores estão tendo que criar essas condições sob pressão, hoje esta mudança não é uma opção, mas uma necessidade. O que pode ajudar é pensar que estamos todos juntos nessa situação”, diz Richard. Ele defende que os professores busquem apoio e troca de experiências com seus colegas de profissão, coordenadores pedagógicos, equipe gestora da escola e até mesmo com as famílias e os estudantes. Buscar cursos e aperfeiçoamento profissional sobre o tema – como o curso Comunicação Digital, do Cenpec – também são importantes. “Todos estão vendo o esforço dos professores neste momento. Tentem dar o seu melhor, certamente seus alunos vão reconhecer isso”
Respondendo às perguntas dos participantes, Romancini explica que não há a melhor técnica de estudo para todos, mas a que vai se adaptar melhor a cada situação e disciplina. “Por isso a importância do diálogo, para que o professor vá aperfeiçoando sua prática didática”, diz. A devolutiva dos trabalhos realizados vai variar também conforme a série. “Para o Ensino Médio, o professor pode pedir uma avaliação entre pares, por exemplo, e depois dar um retorno por áudio ou texto. E as famílias podem ser aliadas garantindo que os estudantes estão fazendo as atividades.”
Dificuldades técnicas
Renato Citrini, da Samsung, lembra que, com a ruptura repentina trazida pela pandemia, as escolas não tiveram tempo para se adaptar. “O material humano é o mesmo, o conteúdo é o mesmo. O desafio é a forma, o meio. Como manter a conexão sem o tempo de planejamento que seria necessário para essa mudança? A tecnologia traz grandes possibilidades para potencializar a aprendizagem, mas também desafios de como fazer isso da maneira correta, sem atropelar etapas do ensino.”
Entre as dúvidas sobre o uso da tecnologia, os professores perguntaram sobre o melhor celular para gravar aulas. Renato explicou que às vezes um vídeo com uma qualidade muito grande de imagem pode ser pesado para compartilhar com os alunos. “Baixar a resolução é uma boa opção, a aula não precisa ter qualidade de cinema. Gravar em HD, por exemplo, já traz uma boa imagem e fica mais leve”. Assim é possível enviar os vídeos por WhatsApp, já que a ferramenta tem um limite pequeno de tamanho. Renato também recomenda a utilização de outros aplicativos como o Google Drive, que gera um link por meio do qual os alunos têm acesso à aula.
E quando a conexão com a internet é ruim? Nesse caso, Citrini sugere desligar a câmera e enviar somente o áudio, o que torna o arquivo mais leve. Gravar o conteúdo via mensagem de voz de WhatsApp também pode facilitar. “Enviar as aulas por texto dá mais trabalho para o professor, mas é ainda mais leve para compartilhamento. O melhor é ir testando as opções, conforme a sua realidade”, diz. Apesar de todas as dificuldades, o especialista acredita que o legado deste momento pode ser positivo para ampliaçr o uso da tecnologia no ensino e aprendizagem.
Perguntas de internautas aos palestrantes do 1o webinar Respostas para o Amanhã
Internautas: A Samsung indica algum de seus aplicativos para o uso em sala de aula?
Renato Citrini (foto ao lado): Os notebooks da marca contam com um pacote de educação voltado justamente à modernização do aprendizado. São ferramentas que facilitam anotações de conteúdos e incentivam a integração entre a turma e os professores no intuito de estimular o interesse pelo conhecimento.
Temos o Samsung Recorder Plus, por exemplo, aplicativo para gravação de aulas e reuniões, que permite ao usuário escrever anotações ou lembretes ao mesmo tempo em que o áudio está sendo capturado. Posteriormente, durante consulta para recapitulação das aulas, o aluno pode procurar por palavras no arquivo de áudio e ouvir exatamente o trecho referente ao estudo. Dessa forma, ele não precisa ouvir toda a aula, ganhando tempo no processo.
Também temos o Samsung Recorder Plus with Pen, um recurso que permite escrever qualquer conteúdo com a caneta do notebook compatível. O aluno pode, por exemplo, preencher fórmulas de equações matemáticas direto na tela do notebook sensível ao toque e, por meio do app, transformar automaticamente em caracteres digitados, evitando que o usuário precise digitar tais informações, pois elas estarão prontas automaticamente.
Por fim, ainda oferecemos em nossos notebooks o aplicativo TeamPL. Diferente de muitas soluções apenas com a função de espelhar a tela de um notebook em outros computadores, o recurso permite que até cinco alunos trabalhem em conjunto, cada um no seu notebook, mas todos com acesso ao mesmo arquivo simultaneamente.
Internautas: Qual seria um aplicativo recomendado intuitivo e de fácil edição para gravar aulas e envio de arquivos pelo WhatsApp?
Renato Citrini: O aplicativo WhatsApp limita o tamanho dos arquivos a serem enviados, então dificilmente uma aula completa poderá ser enviada. A solução seria gravar a aula utilizando o própria câmera do smartphone, reduzindo a resolução de gravação de vídeo para HD e utilizar, por exemplo, um serviço de compartilhamento de arquivos gratuito como o Google Drive ou Microsoft OneDrive. O WhatsApp seria utilizado para envio do link para esse vídeo armazenado nesses serviços de nuvem.
Internautas: Como trabalhar com os alunos de forma remota quando a maioria não tem acesso à internet ou celulares de qualidade?
Richard Romancini: Sem dúvida, os professores devem ter a preocupação de conhecer as possibilidades de seus alunos em termos de tecnologias. Havendo, de fato, problemas de conexão ou dos celulares, deverão desenvolver práticas educativas que levem em conta essas limitações. Por exemplo, se não é possível que o aluno assista a uma aula ao vivo, talvez ele possa vê-la gravada. Se mesmo assim isso não é possível, talvez o conteúdo admita o uso de áudio...
Internautas: Como utilizar informações digitais de forma ética e com a preocupação com um ensino de qualidade? A facilidade e agilidade de acesso implica maior preparo e responsabilidade no uso das informações?
Richard Romancini: Com a preocupação de utilizar fontes de qualidade e tendo senso crítico no consumo (e também produção ou circulação) da informação. Na verdade, preocupações desse tipo estão no centro de qualquer projeto educativo, não apenas voltado a questões do mundo digital. Porém, justamente a facilidade do acesso reforça a necessidade do preparo dos estudantes, na medida em que, hoje, a informação vem de todos os lados, de pessoas competentes e incompetentes; pessoas de boa fé e pessoas de má fé etc.
Internautas: Como construir uma rede de conectividade a serviço do ensino e aprendizagem em um curto prazo de tempo?
Richard Romancini (foto ao lado): Acho que de baixo para cima pode ser mais fácil, em um primeiro momento, ou seja, os professores de uma escola ao montarem um grupo de Facebook ou WhatsApp já estão montando uma rede. Como os laços dessa rede tendem a já ser mais fortes, isso ajuda na construção das redes on-line também. Depois, os grupos ou indivíduos vão avançando em outras escalas (entre escolas, entre educadores de determinado conteúdo etc.).
Internautas: Como os pais podem auxiliar positivamente neste processo? Qual seria seu real papel frente a estas novas estratégias de estudo e de aulas não presenciais?
Richard Romancini: O acompanhamento e estímulo dos pais pode ser muito importante, de maneira geral, e ainda mais agora. Principalmente quando eles ajudam os seus filhos e filhas a desenvolverem rotinas e a disciplina necessária ao ensino remoto. Com um computador ou celular à frente, há naturalmente a possibilidade de dispersão (o vídeo engraçadinho do YouTube, a postagem do Facebook) em conteúdos não ligados à educação.
Internautas: Como pensar uma pedagogia da hipermobilidade, com práticas que considerem a relação entre as redes educativas e as cidades em hipermobilidade no pós-pandemia?
Richard Romancini: É uma pergunta bastante complexa, difícil. Direi que um possível modo de começar a pensar e fazer uma avaliação crítica do que estamos fazendo agora. Certamente o diálogo dessa prática de emergência atual com as teorias educativas e pedagógicas poderá sugerir respostas para o mundo pós-pandemia.
Internautas: Como avaliar a produção dos estudantes no ensino remoto, tendo em vista que muitas vezes os trabalhos realizados dessa forma são reproduções de conteúdos já existentes na rede?
Richard Romancini: Não sejamos ingênuos: antes ainda do contexto da pandemia, também muitos trabalhos de nossos estudantes consistiam em trabalhos com baixo nível de originalidade. Mas a questão tem mais a ver com o tipo de “resposta” que solicitamos dos alunos. Então, devemos, acredito, pensar em fazer melhores “perguntas”, para as quais a mera reprodução de conteúdos não seja suficiente. Para dar um exemplo, nessa perspectiva, atualmente prefira realizar avaliações com consulta, pois prefiro que o aluno saiba recuperar a informar, mas, mais do que isso, saiba relacioná-lo, pensar a partir dele.
Ebook Quais alternativas para garantir o aprendizado e promover novas oportunidades de transformação digital?
Com base nas informações do 1o webinar Respostas para o Amanhã, a Samsung elaborou um ebook com o objetivo de incentivar práticas que integram as áreas de Ciências da Natureza e da Matemática às tecnologias em busca de soluções a problemas globais ou locais. Confira o ebook.
Metodologias ativas e trabalho por projetos no Ensino Médio
No dia 26/6, das 15 às 16h, acontecerá o 2º Webinar Respostas para o Amanhã. Desta vez, a pergunta geradora é: como engajar os estudantes do outro lado da tela? Assim como na modalidade presencial, a aprendizagem ativa pode ser o caminho para envolver os jovens em uma experiência significativa. Participarão do bate-papo Lilian Bacich, Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP), e Débora Garofalo, especialista em Língua Portuguesa (Unicamp) e Gestora de Tecnologias da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
Assista e traga perguntas. Acesse o link no YouTube do Prêmio e ative o lembrete para o evento!
O que você quer fazer pelo seu futuro hoje, @?
O prêmio Respostas para o Amanhã está com inscrições abertas até o dia 10/8. Em sua 7ª edição, o programa busca incentivar os alunos a observarem seu entorno, os problemas locais e globais, e a pensarem em como transformar sua realidade a partir de projetos que envolvem as áreas das Ciências da Natureza e da Matemática e suas Tecnologias.
Podem participar professores das disciplinas relacionadas a Ciências da Natureza e Matemática que lecionem no Ensino Médio em escolas públicas. Após a avaliação dos projetos inscritos, serão selecionados 20 semifinalistas, que seguirão para o desenvolvimento dos projetos. Nessa fase, a equipe do prêmio dará suporte virtual a todos os semifinalistas, que concorrerão aos prêmios finais.
A inscrição pode ser feita pelo site ou pelo aplicativo gratuito desenvolvido pela Samsung, que dá acesso a informações sobre o programa e permite o acompanhamento dos projetos. Dicas importantes para a inscrição das propostas de cada equipe podem ser acessadas neste vídeo tutorial. Outras informações e o cronograma atualizado da premiação estão disponíveis no site do projeto.
Participe! Estudantes, professores, e escolas: todos podem ganhar.