Saiba como funciona o processo de mentoria nas etapas de semifinalistas e finalistas do Solve for Tomorrow Brasil
Ciência se faz no plural. As ideias que um(a) pesquisador(a) coloca no mundo se baseiam em conhecimentos construídos por quem veio antes e olhou para questões semelhantes. Também é possível aprender muito com as observações de cientistas contemporâneos que vêm trabalhando com situações e desafios similares. A noção de troca, portanto, é fundamental para o fazer científico, e é por isso que ela ocupa lugar central na mentoria oferecida pelo programa Solve for Tomorrow Brasil às equipes selecionadas como semifinalistas e finalistas em cada edição.
“A etapa de mentoria é muito sobre troca, tanto de mentores com as equipes quanto entre docentes e estudantes, e da própria organização da iniciativa. Tivemos, por exemplo, conversas com voluntários da Samsung sobre inovação e carreiras possíveis”, afirma a bióloga e professora Beatriz Nascimento, pós-graduanda em Psicopedagogia e mentora na 9ª edição do programa. "Ao longo do processo, os estudantes têm contato com oficinas de prototipagem, entre outros conteúdos. A mentoria é essencialmente sobre trocas e sobre conhecer coisas novas”.
Sobre o programa - O Solve for Tomorrow Brasil é parte da iniciativa global de Cidadania Corporativa da Samsung e está inserida na visão global: ‘Together for Tomorrow! Enabling People’, que busca capacitar futuras gerações para alcançarem seu pleno potencial por meio da Educação. O programa estimula alunos(as) e professores(as) da rede pública de ensino a desenvolverem soluções para problemas locais por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). No Brasil, o Solve for Tomorrow é realizado anualmente desde 2014 e tem abrangência nacional, com coordenação geral do Cenpec. |
O também mentor Paulo Souza, professor e pesquisador em Física, aponta que ao longo da mentoria, pouco a pouco, as equipes assimilam “a grandeza do que estão fazendo”. Os(As) estudantes, segundo ele, “começam a perceber com maior nitidez a relevância da atividade científica e desse tipo de projeto. Não só para sua formação, mas para esse trabalho contínuo e colaborativo de busca por soluções para os desafios que permeiam a sociedade atual”.
“A mentoria é uma etapa significativa na construção dos projetos do Solve For Tomorrow. Ao longo desse processo, os participantes são estimulados a aplicar melhorias em seus protótipos com base em sugestões e questionamentos de seu mentor, que além de trazer um novo olhar, apresenta uma perspectiva científica importante para quem está trabalhando nessa construção”, afirma Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung Brasil. “Estamos muito contentes em observar que, em mais uma edição do programa no Brasil, estamos trazendo cada vez mais conteúdos e ferramentas para que esses alunos elevem a qualidade de seus projetos e, consequentemente, de suas habilidades acadêmicas. Esse é o principal objetivo das nossas iniciativas em educação”.
Como funciona a mentoria
A mentoria é uma etapa fundamental do Solve for Tomorrow Brasil. Ao longo de algumas semanas, os(as) professores(as) e estudantes responsáveis pelos projetos selecionados recebem orientações de especialistas em STEM com o objetivo de refinar as propostas e avançar no desenvolvimento de seus protótipos. O processo formativo inclui diferentes atividades on-line, como webinars, rodas de conversa, reuniões individuais com mentores(as) e participação em fórum de discussão.
Juliana Gonçalves, técnica de projetos do Cenpec, explica que a mentoria é uma proposta formativa que combina atividades virtuais síncronas e assíncronas, realizada por uma equipe técnica multidisciplinar e sustentada por um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) com amplas funcionalidades.
“No AVA, destacamos os fóruns de discussão, que ajudam a promover uma atmosfera de cooperação entre os participantes, no conjunto de sua diversidade. Os webinars também contribuem bastante para despertar a curiosidade dos estudantes em temas como prototipagem e produção de vídeo. Sobre a equipe de mentores(as), o destaque vai para a condução atenta às especificidades de cada projeto e do contexto no qual se insere, o que acaba se desdobrando em uma relação de confiança e de forte vínculo entre mentores(as) e estudantes”, explica Juliana. “Olhando para esse conjunto, podemos dizer que, do ponto de vista metodológico, a complementaridade entre as estratégias é fundamental para atingir os objetivos formativos previstos.”
Em 2022, a proposta para as 20 equipes semifinalistas incluiu a produção do resumo científico dos projetos e de uma representação visual dos protótipos. Já na etapa de finalistas, as 10 equipes selecionadas receberam orientações para produzir os roteiros dos vídeos disponibilizados para votação na etapa de Júri Popular, além de aprimorar os protótipos e elaborar uma apresentação pitch para a Mostra Solve For Tomorrow.
Fórum Conexão Equipes colocou as diferentes equipes em contato. Leia, abaixo, dois relatos de estudantes sobre a seleção de suas equipes para a etapa de finalistas:
Assim como na edição passada, as equipes de 2022 relataram seus aprendizados e experiências em diários de bordo digitais, criados na ferramenta Padlet. Para saber mais sobre a importância desse tipo de atividade para o trabalho em ciência e pesquisa, leia a matéria que produzimos em 2021:
Diário de Bordo: que tal registrar mais do que o percurso técnico de um projeto?
Olhar externo
Na 9ª edição do Solve For Tomorrow Brasil, Paulo Souza foi mentor de uma mesma equipe nas etapas semi-final e final. Ele conta que o grupo evoluiu muito ao longo do processo, saindo de um modelo de baixa fidelidade para um protótipo mais refinado. Para ele, a mentoria pode contribuir de diferentes formas para o trabalho das equipes. “Se o trabalho é desenvolvido por professores que já têm o hábito de trabalhar com projetos e com a abordagem STEM, a ideia é trazer um crivo externo ao ambiente de desenvolvimento do projeto. Quando a equipe não está muito acostumada com isso, a mentoria acaba funcionando como uma diretriz, uma indicação de caminho ao longo do desenvolvimento das atividades.”
Quer saber mais sobre prototipagem? Acesse nosso infográfico!
Beatriz Nascimento também aponta o “olhar externo” como um dos elementos mais importantes da mentoria. “É um processo de olhar crítico, de tentar encontrar saídas e questões que muitas vezes os integrantes da equipe, por estarem muito imersos no projeto, não conseguem identificar. Além disso, a mentoria favorece muito os grupos ao colocá-los em contato com outros projetos, outras pessoas, outras realidades. As equipes incorporam muito disso e desenvolvem muito a empatia.” Ao conhecerem os desafios superados por outros(as) estudantes que também estão fazendo ciência, todos(as) se motivam e sentem ainda mais orgulho do trajeto percorrido e dos resultados obtidos.
Beatriz foi responsável pela mentoria de duas equipes que chegaram à final da 9ª edição do Solve for Tomorrow Brasil. “A evolução e o percurso desses dois grupos foram incríveis. Em ambos os projetos saímos de uma ideia para um protótipo de média/alta fidelidade. Avalio que foi um sucesso, com os estudantes botando a mão na massa, fazendo testes e análises, repensando os protótipos, participando ativamente do processo.”
Com a palavra, os(as) estudantes Após a experiência de mentoria, os(as) estudantes das equipes semifinalistas foram convidados(as) a compartilhar de que forma o processo colaborou para a realização dos projetos. Confira alguns dos relatos: ▶ “As observações nos levaram a buscar novas parcerias. As provocações feitas pelo mentor levaram a equipe a pensar em novos ensaios para melhorar o protótipo.” ▶ “Com o webinar de prototipagem, conseguimos entender toda a classificação do protótipo. Não sabíamos diferenciar o que era protótipo de baixa, média e alta fidelidade, e também sobre a prototipagem 3D, que foi muito importante para o projeto. As reuniões entre mentor e equipe foram de extrema importância, pois pudemos ter um olhar de fora ajudando, dando sugestões no nosso projeto.” ▶ “Gostamos da proposta da premiação de permitir e auxiliar no desenvolvimento do projeto, uma vez que não é necessário estar com o projeto pronto para a inscrição, bastando a ideia, desde que fundamentada. E também dos momentos de mentoria, fundamentais para o desenvolvimento do projeto, pois os momentos de reflexão permitiram nortear as ações.” ▶ “Gostamos que, como nosso mentor possui formação em Design, pôde nos aconselhar e orientar na produção do layout do aplicativo, além de estabelecer uma ótima relação entre equipe-mentor! Ele nos incentivou muitíssimo no desenvolvimento do protótipo como um todo, sempre muito participativo em nossas decisões.” ▶ “Nosso mentor trouxe soluções para problemas que estavam atrasando nosso projeto. Trouxe uma profissional da área que nos mostrou que era possível, sim, inovar na metodologia.” |
Ganhos para além da premiação
Para Beatriz, o que fica da vivência como mentora é “a esperança, o orgulho de ver equipes com poucos recursos atingindo resultados fantásticos. Esperança de ver professores e professoras que fazem a diferença no futuro dos estudantes, que os colocam como prioridade”.
Outro resultado importante, prossegue Beatriz, é o ganho de autoestima para os(as) estudantes. “É algo de valor inestimável. Esses alunos e alunas têm a oportunidade de viver, no ensino médio, um nível de profundidade em pesquisa que muitas vezes não é alcançado na graduação. São estudantes que já conseguem enxergar a complexidade de trabalhar com projetos ‘fora da caixinha’, que já não veem a Matemática de forma isolada, ou a Ciência de forma isolada. Eles já enxergam tudo como um processo, nada mais em compartimentos.”
Quer iniciar ou aprimorar o trabalho com projetos STEM na sua escola? O Solve for Tomorrow Brasil disponibiliza diversos materiais para professores(as), estudantes e gestores(as) escolares. Não deixe de acessar!