Em 2018, completam-se 15 anos da publicação da Lei 10.639/03, que determina que a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas e particulares do Brasil, do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Contudo, estudos realizados revelam que as escolas de todo o país ainda estão muito distantes de cumprir a legislação, em virtude de uma série de questões mapeadas que vão da falta de políticas de formação continuada e de repertório para abordar novos referenciais teóricos que sejam representativos da diversidade étnico-racial; além de casos de resistência do próprio corpo escolar em virtude de desconhecimento ou de práticas de racismo institucional.
Com o objetivo de compreender como a mudança no currículo escolar pode impactar não apenas nas práticas de racismo no ambiente escolar, mas também na valorização de novas perspectivas sobre o conhecimento, mais especificamente nas áreas das Ciências, o artigo “Conhecimento científico e tecnológico dos povos africanos: estratégia de resistência à tradição seletiva no ensino de ciências” analisa a proposta curricular da rede pública de ensino do estado de São Paulo para o 7º ano na disciplina de Ciências.
O artigo elaborado em coautoria por Marlene Oliveira de Brito e Vitor Machado, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp, e lançado no volume 7 da Revista Cadernos CENPEC, faz uma análise da proposta curricular, dos documentos orientadores da política, mas também dos materiais didáticos adotados pela rede e utilizados pelos professores em sala aula.
Os resultados apontam para a necessidade de conferir maior clareza aos documentos oficiais, induzindo as escolas ao trabalho com a temática, mas também de ampliar a compreensão sobre as contribuições dos povos afro-brasileiros, africanos e indígenas para a construção das diferentes áreas do conhecimento, de modo que estas se vejam representadas no currículo e garantidas no trabalho com os alunos em sala de aula e para além dela.
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui e acesse o volume 7 da Revista Cadernos Cenpec em http://bit.ly/2IFky04
Vencedor Nacional da 4ª Edição aborda contribuição científica indígena
Na última edição do Prêmio Respostas para o Amanhã, o projeto “Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando o Conhecimento Tradicional” foi um dos vencedores nacionais. Desenvolvido por alunos do 2º ano da EIEEFM Sertanista José do Carmos de Santana, no município de Cacoal - Roraima, o projeto teve como foco a pesquisa sobre os usos e conhecimentos construídos pelo Povo Paiter sobre as plantas medicinais.
Por meio da realização de entrevistas, mapeamentos e coleta de amostras, catalogação, plantio de mudas, o grupo de estudantes criou um viveiro de plantas medicinais. O desenvolvimento destas diferentes estratégias de pesquisa e construção do conhecimento pelo projeto que contou com a coordenação do professor indígena Alexandre Surui, procurou disseminar suas descobertas junto à comunidade escolar. Confira o vídeo do projeto aqui.